O que estamos fazendo para lidar com essa realidade

Unir maternidade e trabalho tem sido um desafio de muitas mulheres, não só hoje, Há 30 anos, durante minha segunda gravidez, fui demitida por minha chefe (mãe e empreendedora) por não aceitar qualquer tipo de afastamento remunerado.

Neste meio tempo alguns avanços aconteceram, mas ainda estamos longe do ideal. E isso pode ser comprovado por recente estudo da pesquisadora da FGV IBRE Janaína Feijó, especialista em questões de gênero e raça no mercado de trabalho, com base nos microdados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio Contínua (PNAD C) do IBGE.

As informações levantadas apontam que as mulheres que têm filhos são maioria na população de menor rendimento, minoria na que ganham melhores salários e representam a maior parte das pessoas que estão fora da força de trabalho, aquelas que nem estão empregadas e nem buscam emprego, no Brasil. O que não acontece com os homens.

Ainda segundo o levantamento, após 24 meses de retorno da licença-maternidade, quase metade das mães está desempregada, o que deixa claro a dificuldade de reintegração destas mulheres ao mercado de trabalho, assim como evidencia que o mundo corporativo segue preconceituoso, não só neste campo.

Quantas mulheres, ao participar de processos seletivos, foram questionadas sobre a maternidade e a intenção de ter filhos, o que não acontece com os homens. E como ficam as mães solo, responsáveis pelo sustento de seus lares?

Talvez isso explique outro dado da pesquisa, o de ser mais comum que mulheres após a maternidade busquem ocupações remuneradas mais flexíveis de maneira que consigam conciliar essa responsabilidade, causando perdas em termos de remuneração e no desenvolvimento de suas carreiras profissionais.

As perguntas que ficam são: o que as empresas estão efetivamente fazendo com relação ao tema maternidade? Muito se fala nas práticas de ESG mas quais os resultados efetivos para as mulheres em ocupações com menor rendimento médio, que são ainda a maioria na nossa sociedade? Quais medidas o governo tem adotado para reduzir esse desequilíbrio social?

Temos muitos desafios a vencer.